Alberto
Magalhães*
A
escritora Lya Luft, uma das mais lúcidas e românticas escritoras
dos tempos atuais, escreveu que “A infância é o chão sobre o
qual caminharemos o resto de nossos dias”. Pensando assim, eu
gostaria de escrever algo – de impressão bastante pessoal - sobre
um tema em voga nos dias atuais: a chamada identidade (ou ideologia)
de gênero. Essa teoria supõe que o bebê não nasce nem menino nem
menina; que intimamente ele não tem nem a natureza masculina nem
feminina de forma decisiva. Apesar da genitália que ostenta não é
João nem Maria (Interessante seria inicialmente pôr nele, sempre, o
nome de Joma, acrescentando apenas o sobrenome dos familiares até
ele decidir o que quererá ser). Segundo esses “iluminados”
teóricos os conceitos homem e mulher são uma construção social e
nós - pais e mães – devemos ser neutros com relação ao sexo do
nosso filho. Mesmo que nasça com uma vagina ou com um pênis. Ele
que decidirá o que quer ser quando se tornar “capaz”. Mas isso
retroativamente ao dia do seu nascimento, quando nem sabia que era
gente. Desde o início não devemos criá-lo como macho ou fêmea
para não influenciá-lo. Isso seria preconceito sexual, repressão
abominável.
Felizmente, hoje, não convivemos mais com a educação
repressora que tolhia tanto as inclinações pessoais heterodoxas
chegando a adoecer a algumas pessoas “diferentes”, por isso não
há mais justificativas para radicalismos sociais como o dessa
teoria. Portanto, penso que se uma criança não tiver caminhos
sinalizados a seguir, propostas pertinentes a examinar e formação
familiar satisfatória ela nunca saberá exatamente o que deverá
ser. Sem uma boa base, o alicerce psicológico, ela não poderá
construir nada sólido. Sem um argumento definido não poderá
construir algo coerente com o seu livre pensar, mesmo que antagônico
àquele argumento de sua educação elementar. Ela deve ter a
condição de ser e também a de não ser - com convicção - alguém
fora do comum. É imprescindível o respeito nas relações pessoais,
familiares, institucionais e sociais, mas para isso não precisa
desmoralizar ou anular estas para melhorá-las.
*Alberto
Magalhães é funcionário público do estado de Sergipe.
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