domingo, 21 de fevereiro de 2016

Romanos, gregos e brasileiros


Catão, o velho ou Priscus (Marcius Porcius Cato / Túsculo, 234 a.C – Roma 149 a.C), político romano de ascendência latina e eloquente orador, que galgou as funções de tribuno, questor, pretor, cônsul  e censor. Catão, austero na administração pública, fez história como pretor na conquista da Sardenha: “Reduziu os custos das operações navais, caminhou através da sua província em companhia de um único assistente e pôs de relevo o forte contraste entre o seu austero modo de vida e a suntuosidade com que viviam os magistrados provinciais de classe ordinária. Os ritos religiosos celebraram-se com razoável poupança, a justiça administrou-se com razoável imparcialidade, a usura foi perseguida e desterrados os que a praticavam” e como censor, em Roma: “Reparou os aquedutos, limpou os esgotos, previu o uso privado das águas públicas, ordenou a demolição das casas que estreitavam as vias públicas e construiu a primeira basílica no Fórum Romano, perto da Cúria. Elevou também a quantidade, entregue pelos publicanos, pelos direitos de arrecadação de impostos, e ao mesmo tempo diminuiu os preços dos contratos para a construção de obras públicas.”

Catão, o jovem ou Catão de Útica (Marcius Porcius Cato Urticensis / Roma 95 a.C. – Ùtica 46 a.C., bisneto de Catão, o velho), cidadão disciplinado, notável defensor das liberdades individuais e políticas, era moralmente íntegro e inflexível na honestidade. Foi eleito questor, algo semelhante a um supervisor de tributos nos dias atuais. Avesso ao suborno ele divulgou as ações de antigos questores, que haviam se apropriado, ou feito uso indevido, dos recursos públicos. Era opositor do governante Júlio César e considerado a antítese deste. Goodman e Soni escreveram: “Poucos líderes colocaram a ambição de forma tão claramente à serviço dos princípios. Estas foram as qualidades que separaram Catão de seus contemporâneos – e que fizeram com que ele fosse lembrado na posteridade.” Ele foi levado ao suicídio por causa de suas posições políticas.

Sócrates, “o patrono da filosofia”, nunca se conformou com as ideias estabelecidas, com os conceitos inquestionados e com as crenças impostas culturalmente. Por causa disso ele foi condenado à morte, obrigado a beber o veneno cicuta. “O que é isso?” Era o questionamento dele para o que se acreditava, se fazia e se dizia. Era um modo revolucionário de se lidar com tudo o que nos cerca ou nos move intimamente, de reinterpretar todas as coisas. No pensar em que as coisas estão sempre num estado de vir a ser, de Heráclito. A se definir no ser, de Parmênides. A se impor num ciclo permanente de mutabilidade do que é, conforme Aristóteles. A mudança só ocorre para melhor. Para o pior é estagnação, involução ou retrocesso. Psicologicamente, culturalmente, socialmente, materialmente.

Sócrates disse que a sua mãe era parteira de corpos, ele de almas, quando estas buscavam a verdade por sobre (ou sob) as aparências. Nas sociedades são criadas fórmulas que mascaram formalmente a funcionalidade das convenções sociais, em nome da conveniência social, dos grupos familiares, institucionais, políticos e político-partidários. E a nossa própria mente nos engana para uma letargia na renovação das coisas necessárias. Sobre isso revisitei Charbonneau, em sua intrigante e instigante observação: “A razão é oscilante, é bela e ao mesmo tempo perniciosa, porque tem o privilégio de enganar, de mentir, de iludir, de fazer o homem se perder no Dédalo de uma consciência falsa. Ela balança entre a revelação e o disfarce.” No Brasil, em sua totalidade, há resistências no despertar para se construir em cada lugar, principalmente no público, um novo modo de ser, a partir do que é ou do que está sendo, para reverter esse marasmo ideológico, cultural, institucional, familiar, social... Ainda há tempo.

Fonte de pesquisa e citações: Wikipédia.

Alberto Magalhães